Jogadora de vôlei de praia teve pontos do ranking nacional zerados após inatividade por tratamento de um câncer. Postagem nas redes sociais repercutiu e motivou criação da lei
GE DF – Uma postagem em tom de desabafo, que virou uma lei com nome de jogadora. Foram dois anos afastada dos treinos e jogos, tratando um câncer de mama. Fabíola Constâncio venceu a luta contra a doença, mas no retorno às competições viu os pontos do ranking nacional zerados por causa da inatividade em torneios oficiais. O desabafo atraiu atenções e agora, no Distrito Federal, a Lei 7050/22, de autoria do deputado distrital Delmasso (Republicanos) protege atletas que precisem se ausentar das atividades para tratar doenças graves.
Atletas de todas as modalidades poderão ter os rankings protegidos por sete anos em caso de tratamento de doença grave. O prazo começa a contar a partir da data do diagnóstico conclusivo. Por se tratar de uma Lei distrital, a norma só vale em competições realizadas por federações esportivas do DF. Originalmente, o texto previa a proteção de ranking para pacientes com câncer, caso de Fabíola, mas uma emenda permitiu que a regulamentação valesse para todos os esportes.
Mas a jogadora garante que não quer parar por aí. Segundo ela, a intenção é que a norma ganhe alcance federal, assim atletas profissionais de todo o país evitariam dar passos atrás na carreira por causa de um problema de saúde.
— Ela (a Lei) ser aprovada é um pequeno grande passo, sabe? A ideia é que seja um legado não só pra pessoas com câncer, mas com outras doenças graves. Nenhum atleta está imune a ter nenhum tipo de doença. As confederações têm que ser mais modernas e acompanhar os novos tempos — aponta Fabíola.
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Autor do Projeto de Lei, o deputado distrital Delmasso deu detalhes sobre a validade da Lei, aprovada no Plenário da Câmara Legislativa do DF nesta semana. O contato entre o parlamentar e a atleta foi feita por meio de outra jogadora de vôlei, com quem Fabíola já havia jogado.
— A Lia me apresentou a Fabíola e ela me contou a história dela. Ela me contou que tinha vontade de fazer uma Lei e a gente construiu essa Lei juntos. Ela vale pra qualquer modalidade em que o atleta tenha pontuação. Ela não valeria pras etapas do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, porque elas são competições nacionais.
Inspiração para outras pessoas
Ainda em junho, quando retornou às quadras após finalizar o tratamento contra o câncer, Fabíola disse que a intenção dela era inspirar pessoas a manterem os sonhos vivos.
— Eu resolvi voltar porque quero impactar vidas, mostrar que é possível ter seus sonhos resgatados após um momento muito difícil. Quero ser referência de esperança pra pessoas que estão passando pela doença. Existem muitas pessoas que passam por alguma situação ruim e não acreditam na volta por cima— afirmou.
A frustração com a situação do ranking fez com que a atleta brasiliense se afastasse novamente dos treinos. Passado o baque, Fabíola voltou aos treinos e está se preparando para o primeiro desafio do ano, que será realizado em Saquarema (RJ), entre os dias 2 e 8 de fevereiro.