Nos últimos dois anos, foram investidos mais de R$ 1,6 milhão na manutenção de 22 espaços públicos, porém 16 já foram depredados. Administração regional pede que a população cuide dos equipamentos
Agência Brasília – A Administração Regional do Riacho Fundo pede mais zelo da população em relação aos equipamentos de desporto e lazer da cidade. Nos últimos dois anos, foram investidos R$ 1.617.151 na manutenção de 10 quadras poliesportivas e 12 parques infantis. No entanto, 16 dos 22 pontos já estão deteriorados devido à falta de cuidado no uso dos equipamentos e aos atos de vandalismo dos próprios moradores.
A administradora da cidade, Ana Lúcia Melo, afirma que os principais danos são a quebra dos balanços infantis, a retirada e a pichação das tabelas de basquete e a depredação dos portões dos parquinhos e quadras. “Estávamos há mais de 20 anos sem reforma nesses tópicos. Essa gestão veio e fez todo esse investimento e não estamos tendo o retorno esperado”, comenta. Os estragos foram verificados no fim de abril deste ano, após vistoria realizada pela Diretoria de Obras da Administração da região.
“Nós temos direitos e deveres. O direito da população é ter o equipamento funcionando, mas o dever é ajudar o governo a conservar”, enfatiza a gestora da cidade. “Quando as pessoas fazem a denúncia, de forma anônima ou não, a gente consegue averiguar o que foi depredado no espaço e tentamos encontrar o responsável. Se for encontrado, será responsabilizado para que reponha o equipamento, se não precisamos arrumar com o dinheiro público”, explica.
A prática de destruir, inutilizar ou deteriorar o bem ou serviços públicos é considerada crime pelo Código Penal. Quem for pego em flagrante pode cumprir pena de seis meses a um ano de prisão ou o pagamento de uma multa. Casos de vandalismo podem ser denunciados à Polícia Civil, pelo número 190.
Nas quadras poliesportivas, foram trocados os equipamentos, como traves e tabelas de esportes, além da pintura e substituição de alambrados. Os parques infantis receberam uma nova areia, pintura e troca de brinquedos e alambrados. As reformas aconteceram por meio de emenda parlamentar dos deputados distritais Rodrigo Delmasso, Júlia Lucy e Valdelino Barcelos. Em 2020, o aporte total foi de R$ 721.459, e em 2021 e neste ano, de R$ 895.691. No total, em Riacho Fundo, há 41 pontos de lazer e desporto: 12 quadras poliesportivas e 29 parquinhos.
Os parquinhos e quadras sem o devido zelo ficam na QN 1 (Praça Sucupira e conjunto 9), QN 5 (praça central), QN 7 (conjuntos 11 e 12), Setor de Oficinas (QOF), QS 8/10, QS 12 (Praça da Bíblia), QS 14 e Área Central.
Esforço coletivo
As pequenas Ludmilla, 8 anos, e Emily, 7 anos, esperam ansiosamente pela final da tarde para se divertirem nos parquinhos do Riacho Fundo. O pai das duas meninas é o microempreendedor Gerson Gomes, 36 anos. Para ele, os espaços são ótimos para diminuir o tempo das crianças em frente às telas, seja assistindo televisão ou navegando na internet. “A gente sempre vem para elas brincarem um pouquinho, tomar um sol. Menos quando o parquinho está quebrado, aí não levo não, é perigoso”, diz.
Por isso, enquanto elas aproveitam, ele também fica de olho em quem pode estar destruindo o espaço. “Já chamei a atenção de meninos que estavam tentando quebrar os balanços, o escorregador. É chato, porque o pessoal tenta arrumar de um lado e os vândalos destroem de outro”, completa.
Dona de um salão de beleza em frente a um parquinho infantil, na QS 16, Maria do Socorro, 55 anos, também fica atenta em quem estraga os brinquedos. Ela conta que, muitas vezes, os responsáveis são jovens e adultos. “O parquinho foi pensado para crianças, né? Mas aqui não, vem um pessoal grande, adulto mesmo. Eles pulam a grade, sobem nos balanços. Ai quebram e depois ficam reclamando”, afirma.
Maria Ivaneide Alves, 58 anos, é amiga de Socorro e dona de uma loja de açaí também em frente ao parquinho da QS 16. “As pessoas não conservam. Tem gente que entra com os cachorros no parquinho. Não pode, porque eles fazem xixi e cocô e ninguém cata. Eu não deixo minha neta brincar nele, porque não é bom pra saúde”, revela.